sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Coração imunizado

Que seja doloroso como tens que ser.
Que dure o necessário para ser cicatrizado.
Mas, que seja de uma só vez... Apenas por uma única vez.
Acertei! Porém não fui recompensado.
Ouvir falsas promessas e desacreditei nas verdadeiras.
Tudo se confundi.
Por fim mudei!
Esqueci minhas origens, enterrei meus sonhos e plantei nossos planos.
Planos que talvez fossem apenas meus.
Por fim cego fiquei, e não pude enxergar quando o sol da mudança nascia no horizonte, planando sua luz sobre minha face.
O calor  desse "sol", não foi o bastante para derreter o gelo de um coração congelado.
Pergunto-me hoje: Por que mudei tanto? Por quê? Por quê?
São tantos porquês...
Todavia não há resposta.
Ou melhor, sabemos as respostas.
Mudei drasticamente, agir drasticamente, me violei drasticamente e te ferir drasticamente.
Esqueci que era minha criança.
Insegura e desprotegida, que na hora do medo sempre te dizia:
Calma! Estou do seu lado! Tudo vai da certo! Confie em mim.
Te abraçava forte!
Edredom de beijos para te mostrar o quanto te amo.
Te abraço forte para que sintas que contigo estou.
Dorme agora meu Sorriso, em meus braços estás seguro, pois, de todos os seus medos o protegerei.
Mas que seja agora! De uma vez por hora!
Apresentando "sintomas de saudades", dores... vazio... perca de sono.
Enfim, descobrir!
A ausência, como as diversas doenças tem seus sintomas.
Por hora, após a cura ficaremos imunizados!

Onde guardas o meu cheiro... se outro você sente em seu colchão?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Quebrado

A lâmina que corta é a falta,
a ausência carimbada no passaporte.
O gume invisível lacera o momento.
E esses dias que sangram, lentamente,
doem uma dor pungente.

Dói, mais ainda, ter que amar
cravando uma espada no peito.
Porque amar é morrer e dissecar-se.
E, ao mesmo tempo, parir-se,
inevitavelmente, a cada amanhecer.

Prosseguir, dolorosamente amando,
é aceitar uma guerra em paz.
Caminhar por nuvens de estilhaços.
E, completamente cego,
entre os próprios destroços, remendar-se.

Nos armários da memória, procura-se
o som nas lembranças empoeiradas.
O que resta se não há a voz que alimenta?
Resignadamente, sentar-se à mesa da solidão,
e servir-se de um prato de silêncio.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ecos


Na minha alma ,havia uma fenda.
Há tempos andava deserta.
Quem se aventuraria?

Entrastes por ela sem saber.
Agora que sabes, que farás?
Fugirás como os outros?

Ou ficarás para ouvir 
o eco que teus passos
deixaram aqui dentro?
















sexta-feira, 24 de junho de 2011

Feriado no meu coração

Ruas desertas
Vala aberta
Carregam águas das chuvas
Mas não a levam
Íntima solidão.

Longe de casa
Ausência
Falta
Predominam no meu coração.

Novas gotas germinam
Vielas sombrinhas
Ventos tórridos
Amedrontam minha feição.

Telefone não toca
Arrebento a porta
E a noite se vai então

Mais como não liga agora?
Madrugada aflora
Deixas-tes embora
Nesta maldita hora
A vilã solidão.

Pois que seja agora
Nesta penúria glória
Decretado por hora
Feriado em meu coração.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Despedida

Antes que eu parta,
me abata,
e rebata
minha cara
escrota
com tua vara
madeira rota
que dança
como uma louca
dura lança
em minha boca.
Antes que eu acorde,
me morde,
e fode
minha vida
vagabunda
com tua batida
profunda
que dura
como doença
e desnatura
qualquer crença.
Antes que eu morra,
me corra,
e percorra
meu corpo
com rapidez
como areia
de modo ágil
pra que me goze
com rapidez
e eu necrose
de vez

terça-feira, 7 de junho de 2011

Aluguel

Aluga-se um corpo.
Duas décadas de uso.
Bom estado de conservação.
Requer poucos reparos.
Ideal para enfermidades.
Acompanha perfume, toalha branca ,vinho e desejos.
Prazer garantido.
Sigilo total.

Aluga-se um corpo.
Porém vazio.
Sem rosto.
Sem alma.
E sem coração. 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

SONETO DA CONFISSÃO

Se eu guardo algum segredo em discrição,
em versos, tento, aqui, me desvendar.
E rimo linhas de revelação
com a noite escura a me testemunhar.

É fato: tua amizade me pousou como uma paz sublimar,
por mais que eu insista em contigo querer dialogar.
É, similar a um vício, uma compulsão:
Necessidade, amizade,compartilhamento,terapeuta que foi ou sei lá...
Fraquejo e, a ti, eu volto a te explicar.

Como amigo o terei
Mesmo que não queira
Malgrado, no subsolo da minha memória,
Imperador sou eu
E mesmo sem que queiras...Não precisa mais falar


Depois, recebo uma dupla punição:
Enquanto, eu faço par com a solidão,
Nossas diversas e rotineiras conversas se vão

Então, encarno uma ré em confissão
e rogo pela minha absolvição
de tal pecado cego:
O de como um grande amigo
A ti simples porém sincero gostar!